sábado, 21 de abril de 2012

Iniciativa de aluna da Fatec promove doação de prótese

Daniela Jacinto
Moradora da zona rural de Ribeirão Grande, cidade do interior de São Paulo próxima a Capão Bonito, a costureira Maria Aparecida de Queiroz, 40 anos, protagonizou recentemente uma cena inusitada: foi abordada na rua por uma jovem desconhecida, que a viu andando de muletas e lhe ofereceu uma prótese. Ela conta que veio a Sorocaba resolver algumas questões de ordem pessoal quando foi surpreendida pela estudante Taise Hernandez Savariego: "um anjo que Deus colocou em minha vida", resume ela, que inicialmente passou por uma preparação e ontem deu os primeiros passos. A doação - intermediada por Taise - foi realizada pela Ortopedia Conforpés, graças ao programa de estágio mantido em parceria com a Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Sorocaba.
Maria Aparecida perdeu a perna esquerda em um acidente de moto há um ano e conta que já tinha vindo em Sorocaba fazer o orçamento para a prótese, porém não pôde arcar com o custo alto. Antes do acidente ela - que sustenta dois filhos - prestava serviços como costureira para a Prefeitura, porém depois que perdeu a perna não pôde mais trabalhar e a vida então ficou mais difícil. "O único recurso financeiro passou a ser a pensão de um dos filhos", conta. Aluna do 4º semestre do curso Tecnologia em Sistemas Biomédicos, que cria e estuda a manutenção de aparelhos médicos hospitalares, Taise, de 21 anos, conseguiu estágio na Ortopedia Conforpés em setembro do ano passado e, sensibilizada com o benefício das próteses, sentiu vontade de poder ajudar alguém. Em conversa com os proprietários, que já têm essa prática há anos, eles autorizaram que ela escolhesse uma pessoa e dessa forma é que Maria Aparecida foi contemplada. "Tive a oportunidade de observar todo o processo de fabricação da prótese", conta Taise, que pretende desenvolver em seu trabalho de conclusão de curso um projeto relacionado à prótese com joelho de nylon, sob orientação do professor de Ciências e Engenharia de Materiais André Luís Paschoal, especialista em Biomateriais.
Vida normal
Agora, Maria Aparecida acredita que poderá recuperar a rotina que levava. "Daqui pra frente ela poderá sim levar uma vida normal e fazer tudo o que fazia antes. A limitação está na cabeça das pessoas e não na falta de um membro", afirma Anderson Nolé, que responde pela Conforpés junto com o pai, Nelson. "Aqui 30% do que a gente faz são doações. Não somos instituição de caridade, apenas estamos cumprindo uma obrigação que todo empresário deveria ter. Infelizmente, não conseguimos ajudar a todos, mas fazemos o que é possível", acrescenta Nelson. O empresário lembra da grande quantidade de pessoas que não tinha nem os braços e nem as pernas e que desenvolveram habilidades de impressionar, como um rapaz que é marceneiro, uma moça que faz tricô e crochê, um jovem que é esportista e uma adolescente que virou modelo. "A vida não acaba, ela começa, depende de cada um", frisa Nelson Nolé.